Alguém indispensável à manutenção do bem-estar, que atua junto à população e tem o cuidado como ferramenta de trabalho. Esse é o enfermeiro, profissional dedicado integral e exclusivamente ao bem de todos e cada um. Com investimentos em políticas públicas para a área de saúde e mudança do perfil do brasileiro – aumento e melhora de expectativa e qualidade de vida – o setor tem boas perspectivas de crescimento.
Conforme o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de janeiro de 2009 a dezembro de 2012, a cada 100 novos postos de trabalho no país, nove foram para enfermeiros, o que coloca a profissão no 2º lugar no ranking de novas oportunidades, atrás somente dos analistas de Tecnologia da Informação. “Em termos absolutos, o Rio Grande do Sul aparece entre os estados que mais geraram empregos nessa pesquisa”, avalia a professora Vânia Schneider, coordenadora da graduação em Enfermagem da Unisinos.
O enfermeiro tem como atividades a promoção e educação para saúde, além da prevenção e recuperação de doenças. Deve estar atento às necessidades das pessoas, à qualificação da ciência e, principalmente, ao cuidado baseado em evidências. Segundo a docente, há de se pensar, também, em políticas de atualização permanente, buscando formação complementar que potencialize técnicas profissionais.
Onde atuar
De acordo com estudo feito em 2012 pela Organização e Cooperação para o Desenvolvimento Econômico (OCDE), entre 40 países – 34 membros da instituição e quatro emergentes –, o Brasil, na época, contava com apenas 0,9 enfermeiros para cada mil habitantes, taxa semelhante à da Índia. “Para se ter uma referência, a Rússia, nação com nível de desenvolvimento parecido com o brasileiro, possuía 8,1 enfermeiros; os Estados Unidos, 10,8 e a Islândia, 15,3 – o melhor índice”, compara Vânia.
A situação apresentada pela pesquisa mostra que o Brasil ainda carece de enfermeiros para atender a população, principalmente nos espaços mais remotos do país, como as grandes periferias e o interior, onde há pouco ou nenhum enfermeiro para assistir de forma qualificada os usuários dos serviços de saúde.
No Brasil, o enfermeiro pode trabalhar em hospitais de diferentes níveis de complexidade e especialidade, públicos ou privados, na assistência ao paciente/cliente e como gestor de unidade ou do serviço de saúde. “O profissional tem campo de trabalho muito amplo e igualmente promissor no cenário extra-hospitalar”, aponta a professora. “Ele tem a opção de atuar, por exemplo, em Centros de Saúde, Unidades de Pronto Atendimento, Unidades Básicas de Saúde, Estratégias de Saúde da Família, Centros de Atenção Psicossocial, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, Vigilância em Saúde, Serviços de Atendimento Domiciliar (Home Care) etc..”
Além desses espaços, o profissional pode trabalhar em auditoria de serviço de saúde, principalmente em seguradoras e convênios. Em empresas/indústrias, como enfermeiro do trabalho. Em escolas de educação infantil, ensino fundamental e médio, como enfermeiro escolar. No ensino técnico, na graduação e pós, enquanto docente. E como pesquisador, na perspectiva de qualificar a assistência e o atendimento.
Perfil
O enfermeiro deve ser capaz de atuar com consciência critica acerca da realidade de saúde populacional. “Em primeiro lugar, precisa ser sensível ao sofrimento e às necessidades do outro, capaz de se implicar e mobilizar-se para realizar o trabalho com competência”, assegura a coordenadora.
E aquela história de “sangue frio”? “Mito. O que precisa é conhecimento, sabedoria e segurança nas avaliações e decisões que vai tomar para implementar o cuidado de enfermagem necessário à situação que está assistindo”. Afinal, seguir carreira na área é, antes de tudo, escolha fundada em questões de ideais.
Salário
Em termos financeiros, a Enfermagem tem ganhos modestos, variando significativamente entre estados e municípios, instituições e funções. “Segundo o Ipea, em 2012, a média salarial no momento da admissão era de R$ 2.829,29 para uma jornada de trabalho média de 41,27 horas semanais”, conta Vânia. “Os enfermeiros ainda não têm piso salarial, o que configura uma luta importante dos profissionais e seus órgãos de representação.”
As unidades federativas que pagam melhor aos enfermeiros são Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Bahia.